Mário Gomes



Luiza e suas amigas estavam na praia acampando. O sol despontava e aquecia a barraca que dormiam apertadas ela, Ana e Vivi. Em frente estava a outra  barraca iglu com Brenda, Júlia e Thamiris. A turminha de caroneiras saem apressadas da barraca, cada uma com sua necessaire, toalha e biquíni, mas, não antes de olhar pro céu e sorrir, estava tudo azul! Aquele seria mais um dia das férias da "facul".

A conversa no banheiro era qual praia escolher: Centro? Rosa? Ferrugem? Silveira? Talvez a cachoeira de Macacu...


- Vamos aonde o Jorge for - Júlia reponde.

- Exato! - Diz Luiza, uma das mais decididas.

- Então vamos, eba! Salve Jorge! - Todas dizem. 


Saem pegam a bolsa, conferem se há o protetor solar, óculos, toalha, dinheiro,  deslizam o zíper e fecham a barraca, enfim, enrolam-se na canga.

Todas estão empolgadas e tagarelando. Vão pela rua de terra, rindo fazendo piadas uma com as outras, até a avenida principal e se afastam do movimento do centrinho do balneário. 

Logo,as seis espevitadas esticam o braço e empunham o dedão para cima.

Sim, elas estão esperando por um Jorge, o motorista gente fina que as levarão à praia. 


Logo, para um Jorge numa pickup, todas sobem na parte traseira, a caçamba. O Jorge da vez estava indo para praia da Ferrugem com a namorada, e elas dividiram a caçamba com a prancha.


Quando o carro adentrou a estrada que leva a praia,  podia-se sentir o cheiro do verde, de tanta natureza. A camionete levantava a terra seca, e quase não se sentia os buracos da estrada. Havia naquilo tudo um ar de liberdade e juventude. Logo as casas daquele vilarejo surgiram, estavam perto de saltar da caçamba.


Quando chegaram na praia encontraram um local na sombra, abaixo dos pinheiros e ficaram lá, estenderam suas cangas,  entraram na água clarinha daquele mar azul e saiam para bronzear-se ao sol. Essa praia reúne a "fina nata" dos corpos sarados dos surfistas e nem todos são jovens, há muitos seniors, homens com muito mais de 40 anos, que geralmente conhecem esse pedaço de mar muito bem, alertam e vigiam os banhistas sobre os perigo das águas. No verão, estas águas ficam coberta de pranchas com surfistas profissionais e amadores. 


Passaram o dia todo se divertindo descansando seus corpos e relaxando principalmente seus espíritos. Ana e Thamiris encontraram os namorados e não passaram o dia com as demais.

Precisavam voltar ao camping antes que a estrada ficasse congestionada. Arrumaram-se ligeiramente e foram a estradinha de chão batido. Nem haviam chegado, e Luiza avistou um Gol branco empoeirado, vindo na direção contrária. Seus olhos faiscaram quando viu um jovem loiro de olhos claros dirigindo o carro. Não pensou duas vezes, e estendeu um dos braços enquanto cutucava Júlia com o outro.

- Júlia, viu o Jorge daquele carro?

- Para de cutucar, Lu! - não, não vi.  Falou irritada.

- Meu Deus, estou apaixonada!


Elas estavam ainda distraídas quando o mesmo carro, agora na pista correta, parou.

- Olá! Querem carona?


Luiza não acreditou, o Jorge deu a volta e ofereceu carona. Júlia, logo se deu conta e maliciosamente  empurrou Brenda  e Vivi ao fundo do carro e entrou. Luiza sentou na frente ao lado do Jorge.  Um gato de olhos verdes reluzentes e com o corpo dourado do sol. Logo o carro começou a rodar. Todas olhavam para ele, quase que hipnotizadas.


Foi quando ele se movimentou para tirar algo do bolso. Ah, um maço de cigarros, apanhou um e colocou na boca e perguntou se alguma delas tinha fogo.

- Não, não fumamos! - Brenda respondeu.

- Mas pra que serve isso, aqui? Perguntou Luiza, apertando o acendedor do carro.

- Isso não funciona - responde, ele.


Foi quando Luiza retirou o acendedor flamejando. Sim, dessa vez funcionara!

- Você é bruxa, mulher? Perguntou ele a Luiza.


Ela somente sorriu, com a boca e com os olhos. Naquele trajeto descobriram que o Jorge se chamava Francisco e que morava no bairro da Mooca em São Paulo.

- Vocês já conhecem Sampa, meninas?

- Não - todas respondem, exceto Luiza.

- Sampa não, mas conheço a Mooca.

- Como assim, você conhece a Mooca, se nunca foi a São Paulo?

- Sim, conheço da novela! Aquela que tinha o ator Mário Gomes interpretando o Luquinha,  um jogador de futebol, se passava na Mooca, não?

Ele riu a gargalhadas, lembrou sim da novela, chamada Vereda Tropical. Havia passado há alguns anos na televisão e os personagens viviam na Mooca. Riram muito com a recordação e o desembaraço de Luiza.

A conversa chegara ao fim, era hora de se despedir de Francisco, descer do carro e voltar pro camping.

Luiza pensou: um dia pra nunca mais esquecer. E sorriu para o céu.

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